Começo e Recomeços

Quando a Melissa me convidou para escrever no Blog dela, eu me senti muito honrada, porque ela é uma profissional que me inspira por sua paixão, dedicação, simplicidade e generosidade. Esta proposta me deu a oportunidade de reviver o momento no qual decidi entrar para esta carreira, comparar meu começo e recomeços trabalhando em diferentes países, além de avaliar minhas atitudes para encontrar o que, quem sabe, possa ser útil para futuros colegas de profissão.

O começo

Eu sempre fui do estilo estudiosa, “CDF” mesmo — era assim que meu irmão me chamava. Nunca consegui ficar muito tempo longe dos livros, tanto é que, frequentemente, acabo encontrando alguns cursos que “preciso fazer”.

Estudei no Colégio Rio Branco, em São Paulo, e me apaixonei pela química. Cinco anos depois, eu me formava como Engenheira Química pelo Instituto Mauá de Tecnologia.

Comecei a trabalhar como engenheira de aplicação e descobri que gostava de gerenciamento, e com o propósito de capacitar a minha equipe, preparei um material de apoio, cuja fonte era, predominantemente, em inglês, e assim comecei as minhas primeiras traduções.

A experiência com gerenciamento me aproximou do Direito, e, como consequência, acabei estudando Direito por quase quatro anos na Universidade Mackenzie.

O primeiro recomeço

Mas como a vida pessoal não para, ela me levou para a Argentina. Eu já estava cansada de São Paulo e decidi morar em Buenos Aires, onde trabalhei como professora de português antes de voltar para o gerenciamento – desta vez, com o desafio tanto do idioma quanto das diferenças culturais.

Minha melhor amiga, Rosângela Suzin, mora na Argentina há mais de uma década, e sendo tradutora, professora e apaixonada pela profissão, foi a “culpada” pela minha aventura no ramo da tradução em 2011. Seu entusiasmo pela tradução audiovisual me contagiou! Ela teve toda a paciência para me treinar e me confiou meus primeiros clientes na Argentina.

A mobilidade característica da nova profissão e o movimento intenso de trabalho me permitiram fazer o que mais gosto: viajar!

O segundo recomeço

E como, mais uma vez, a vida pessoal não parou, hoje eu sou casada e moro em São Francisco. Continuei trabalhando remotamente para os clientes da Argentina, porém, as operações e as transações financeiras se tornaram mais difíceis, e eu me vi ali, recomeçando mais uma vez. Não só o mercado era diferente, mas também a forma de se relacionar com os clientes, e tudo precisava ser adaptado. De certo, a experiência acumulada e a disposição para aprender permitiram que este segundo recomeço fosse muito positivo e promissor. E hoje, cá estou, compartilhando minha trajetória.

To do list da Fernanda

Eu gosto de planejar meus passos fazendo listas de tudo: o que devo fazer, o que preciso comprar, coisas pendentes, filmes que quero ver. Portanto, decidi usar o mesmo método para compartilhar o que considero importante no início da nossa profissão, e estes são os meus conselhos:

  • Planeje cada passo e controle a sua ansiedade, nada acontece da noite para o dia. Tenha paciência.
  • Dedique tempo para se preparar. Estude, faça cursos, esteja sempre disposto a preencher as lacunas do seu conhecimento.
  • Faça trabalho voluntário, eles são ótimos para adquirirmos experiência e para “encontrarmos a nossa praia”.
  • Seja membro de alguma associação. Você encontra muito apoio dos colegas e da própria instituição por meio de cursos, networking, dicas, programa de mentoria, descontos, etc.
  • Comece pequeno. Faça o seu primeiro cliente feliz. E se este primeiro cliente for um tradutor que confiou em você, trabalhe com mais dedicação ainda. A cooperação e a lealdade entre colegas são primordiais, porque elas podem facilitar ou complicar muito a sua entrada no mercado.
  • Peça instruções claras e específicas para cada trabalho. Leia com muita atenção todas as informações recebidas. Evite pegar trabalhos que não sejam apropriados para sua área de conhecimento, pois, se você “se queimar”, o estrago pode ser mais difícil de ser revertido.
  • Seja humilde. Receba conselhos ou correções do seu trabalho como oportunidades de aprendizado e não os tome como crítica pessoal. Evite as justificativas excessivas. Não existe um prêmio para o dono da razão. Se você realmente errou, aceite, pois dói menos. Talvez seja o momento de estudar o tópico mais a fundo e procurar não cometer o mesmo tipo de erro novamente. Bola pra frente!
  • Não tente ganhar mercado cobrando menos, pois isso vai te prejudicar no futuro, além de afetar todo o mercado indiretamente.
  • Tente clientes diretos na sua região. Cobre um pouco mais, assim poderá pagar um revisor. Você estará zelando pela qualidade do seu trabalho e, novamente, será uma ótima oportunidade de aprendizado e de experiência.

É certo quando dizem que não há conhecimento que seja inútil para um tradutor. Nossa trajetória é infinita e estamos na mesma estrada. Amo começar o dia e ter algo novo para aprender. Por ora, espero a visita de vocês: f2-global.com.

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